Postado dia 02/11/2020
Mestranda no PPG em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre (UFMG) A fragmentação consiste numa ruptura da continuidade ambiental, em escala de paisagem. Em geral, a fragmentação reduz uma área natural contínua a fragmentos de menor tamanho, diminui a disponibilidade de condições e recursos favoráveis à manutenção de muitas espécies, aumenta a extensão de bordas e isola populações, através da redução da conectividade da paisagem (Fahrig, 2003). Esta é, por exemplo, a realidade da Mata Atlântica que atualmente retém apenas 12,4% de sua extensão original (SOS Mata Atlântica, 2019). A maioria dos remanescentes de Mata Atlântica são fragmentos menores que 50 ha isolados entre si (Ribeiro et al., 2009). Esta fragmentação e suas consequências dificultam a atuação de profissionais da conservação, que precisam buscar alternativas viáveis para atenuá-las sendo a mais difundida a implantação de corredores ecológicos.
Neste contexto de fragmentação, a fauna e flora enfrentam ainda outra ameaça em larga escala, que é a introdução de espécies alóctones. Esta introdução pode ocorrer por via natural através de expansão da área de ocorrência, ou pode ser mediada por via antrópica, por meio da introdução de espécies alóctones. Se estas forem capazes de se estabelecer (e ampliar sua ocorrência na região) elas passam a ser consideradas invasoras, com potencial de interferir no ecossistema local, sobrepujar e levar espécies nativas à extinção. Em geral, espécies invasoras podem ser boas competidoras das espécies nativas, por isso, mais eficientes em utilizar os recursos dos quais as nativas dependem, extinguindo-as localmente. Os riscos são ainda maiores quando as espécies alóctones são introduzidas em regiões onde ocorrem naturalmente espécies do mesmo gênero ou família, uma vez que pode haver alta sobreposição de nicho, e consequentemente aumento da competição interespecífica (e.g. Oliveira & Grelle, 2012). Uma consequência destas introduções é a homogeneização biótica, que ocorre como uma substituição gradual de espécies nativas por espécies alóctones (Olden, 2006).
conservação da biodiversidade