As montanhas estão entre os melhores lugares para estudar sobre a biodiversidade, mas é bem desafiador, não é difícil de imaginar. Exige longas caminhadas, o acesso é difícil e o clima nem sempre ajuda… Por outro lado, é fascinante ver que, mesmo percorrendo distâncias curtas, você pode sair de um ambiente típico de uma região tropical, e chegar em um ambiente que seria similar a uma região muito mais fria. Bem diferente do entorno...
Em poucos quilômetros podemos passar por grandes variações de temperaturas, umidade, tipos de solo e de vegetação... Já deu pra perceber que estas montanhas também devem estar na linha de frente dos efeitos de mudanças climáticas, né?
As montanhas abrigam espécies peculiares, muitas delas únicas daquele local, as quais chamamos de endêmicas. Outras espécies sequer foram descobertas! Na verdade, as montanhas são verdadeiros laboratórios naturais de biodiversidade, ricas em espécies, condições ambientais e oportunidades para os organismos que vivem lá.
Poderíamos pensar em diversas espécies e grupos para estudar e entender as montanhas, mas se tem uns bichos que dominam o planeta, são os tais dos insetos. São milhões de espécies, e algumas são sensíveis a pequenas mudanças do ambiente, indicando o que acontece lá. Por isso que muitas pesquisas que buscam entender como os ecossistemas funcionam usam os insetos como grupo de estudo. Tem muito pesquisador por aí estudando borboletas, besouros, abelhas de diversas partes do mundo…
O campo rupestre e a Cadeia do Espinhaço
No Brasil temos várias áreas montanhosas, mas o maior conjunto está na Cadeia do Espinhaço, uma cordilheira situada nos estados de Minas Gerais e Bahia que se estende por mais de 1.200 km e tem picos que ultrapassam os 2.000 metros acima do nível do mar! Vários parques e lugares naturais famosos estão nessa cordilheira: Serra do Cipó, Chapada Diamantina, o Caraça... Muitos lugares que vale a pena conhecer.
Escolhemos como objeto de estudo o campo rupestre, uma das formações rochosas mais singulares da paisagem brasileira e mundial (Fig. 1A). Para tal, selecionamos áreas ao longo da Cadeia do Espinhaço, conjunto de serras e montanhas que abriga grande parte deste ecossistema (Harley 1995; Vasconcelos 2009; 2011; Fernandes 2016), e possui diversas áreas insubstituíveis para a conservação da biodiversidade (Silva et al. 2008; Silveira et al. 2016) (Fig. 1B).
conservação da biodiversidade