Houve um aumento nas pesquisas utilizando armadilhas fotográficas durante os últimos anos. A revisão bibliográfica realizada por MacCallum (2012) revelou que, dos artigos publicados entre 1994 e 2011, cerca de 73% foram publicados depois de 2005. Tal aumento pode ser resultado do maior desempenho das câmeras, com baterias de duração prolongada, transmissão de imagens em tempo real, melhores lentes e preço mais acessível.
Para uma amostragem eficiente, que de fato nos dê um recorte mais realístico do habitat, deve-se levar em conta o espaçamento, a padronização e a quantidade de câmeras, além da quantidade de dias/captura. Outras questões que devem ser consideradas são as metodologias adotadas para análise dos dados coletados. Atualmente, os pesquisadores buscam o desenvolvimento de algoritmos que ajudem a automatizar a análise dos registros fotográficos. Por exemplo, os padrões únicos das manchas de onças-pintadas, que correspondem às nossas impressões digitais, poderão ser identificados e comparados automaticamente por softwares especializados. Com os dados obtidos, os pesquisadores podem estimar a população, ocupação geral (Kauffman et al. 2007), co-ocupação, extensão territorial, habitat selecionado ou distribuição de uma espécie, além de identificar possíveis impactos às populações, assim como o comportamento destas.
No Brasil, existem importantes projetos de conservação que utilizam armadilhas fotográficas. Neste contexto, pode ser citado o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, que monitora e colhe os dados de onças-pintadas (Pantera onca), visando subsidiar estratégias de conservação da espécie no bioma amazônico. Outra instituição, o Onçafari, no pantanal, coleta dados e compila informações aplicando as descobertas a melhores estratégias de conservação das onças-pintadas e lobos-guará.
Em resumo, as armadilhas fotográficas permitem avaliações rápidas e podem ser grandes aliadas na conservação da vida selvagem, em especial, das espécies ameaçadas de extinção (Silveira et al. 2003). O avanço da tecnologia permitirá o aumento do seu uso em um maior número de habitats, táxons e tipos de análises (MacCallum 2012).
Referências
Armadilhas fotográficas: recurso importante no estudo de animais selvagens. Onçafire. Disponível em < https://oncafari.org/o-oncafari/objetivos-e-resultados> Acesso em 24 de março de 2021.
Câmeras flagram animais ameaçados de extinção no Parque Estadual Sete Passagens. Ministério Público do Estado da Bahia. Disponível em < http://cpu007782.ba.gov.br/noticia/44500 > Acesso em 22 de março de 2021.
Com 'camera trap', pesquisadores criam armadilhas para flagrar animais silvestres remotamente. Disponível em <https://g1.globo.com/natureza/desafio-natureza/noticia/2019/07/10/com-camera-trap-pesquisadores-criam-armadilhas-para-flagrar-animais-silvestres-remotamente.html > Acesso em 25 de março de 2021.
Entenda como armadilhas fotográficas podem ajudar na conservação da onça-pintada. Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Disponível em < https://www.mamiraua.org.br/noticias/dia-on%C3%A7a-pintada-armadilhas-fotograficas-conservacao-amazonia> Acesso em 28 de março de 2021.
Painel de Conservação da Fauna. Intiruto Chico Mendes de Consevação da Biodiversidade. Disponível em < https://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/painel-de-conservacao-da-fauna- brasileira> Acesso em 20 de março de 2021.
MacCallum,Jamie. Changing use of camera traps in mammalian field research: habitats, taxa and study types. Mammal Review, 2012.
Meet Grandfather Flash, the Pioneer of Wildlife Photography. National Geographic. Disponível em <https://www.nationalgeographic.com/photography/article/meet-grandfather-flash-the-pioneer-of- wildlife-photography> Acesso em 28 de março de 2021.
Kauffman et al. Remote camera-trap methods and analyses reveal impacts of rangeland management on Namibian carnivore communities. Oryx, v. 41, n 1, p. 70-78, 2007.
Silveira et al. Camera trap, line transect census and track surveys:a comparative evaluation. Biological Conservation, n 114, p. 351–355 2003.
conservação da biodiversidade