outra parte do carbono presente nos vegetais pode ser depositada ao solo em forma de material orgânico e, a partir daí os organismos do solo utilizam-no como forma de energia e emitem CO2 também para a atmosfera. Portanto, o balanço de carbono (C) no solo é dependente da relação entre as adições de C fotossintetizado pelas plantas (parte aérea e raízes) e as perdas de C para a atmosfera resultantes da oxidação microbiana do C orgânico a CO2 (Costa et al., 2006).
Também faz parte do ciclo biológico a remoção de grande parte do carbono da atmosfera quando a matéria orgânica se acumula em depósitos sedimentares que se decompõem em combustíveis fósseis. O homem, ao utilizar esses combustíveis como forma de energia, retira o carbono armazenado numa velocidade superior à reposição do carbono pelo ciclo, potencializando o aumento das concentrações de CO2 na atmosfera.
A concentração de CO2 e outros gases, chamados de gases do efeito estufa (GEE), gera o efeito estufa, o qual é um fenômeno natural causado pela concentração de gases na atmosfera que formam uma camada responsável pela absorção de calor, além de permitir a passagem de raios solares. Esse processo é responsável por manter a Terra em uma temperatura adequada, garantido o calor necessário para a sobrevivência dos seres vivos.
Em contrapartida, o efeito estufa, apesar de ser um fenômeno natural, está sendo intensificado nas últimas décadas em virtude, principalmente, à crescente queima dos combustíveis fósseis, grandes causadores do aumento da concentração de GEE na atmosfera e responsáveis pelo aquecimento global, pois liberam uma grande quantidade de CO2. Estes representam a base da industrialização e de muitas atividades humanas, pois são fonte primária de fornecimento de energia.
Desde a Revolução Industrial, as atividades antrópicas tornaram-se o principal motor da mudança ambiental global. A emissão de GEE, principalmente o dióxido de carbono (CO2), aumentou aproximadamente em 50% desde a Revolução Industrial até os dias de hoje. A geração de energia elétrica no mundo é baseada, principalmente, em combustíveis fósseis como carvão, óleo e gás natural, em termelétricas e fósseis representam mais de 60% de toda a energia comercial utilizada (IEA, 2020).
Essas emissões estão além da capacidade total da Terra em sequestrar carbono por meio dos complexos ciclos naturais de carbono. Nesses aspectos, a captura e o armazenamento de carbono é uma técnica que tem sido considerada como uma das principais estratégias para reduzir essa elevada emissão de CO2, permitindo que o solo efetivamente funcione como um dreno de carbono. Diante desse cenário presume-se que os ecossistemas terrestres apresentem mudanças em seus microclimas e biodiversidade num futuro próximo (Taiz e Zeiger, 2013).
O crescimento da biomassa é considerado o método mais eficiente atualmente disponível para capturar o CO2 da atmosfera. No entanto, o carbono da biomassa é facilmente degradado por microrganismos liberando-o na forma de gases de efeito estufa de volta à atmosfera, como citado anteriormente. Todavia, se a biomassa for pirolisada, o carbono orgânico é convertido em produtos carbonados sólidos com elevada quantidade de carbono estável em sua estrutura e, então, permanecem por mais tempo no solo; é aí que o biocarvão se destaca como uma alternativa potencial para sequestro de carbono e mitigação de GEEs (Figura 2).
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