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Autores do Blog Ciência em Ação

Por: Enaile Siffert
Postado dia 20/03/2023

Artista plástica, ilustradora científica, bacharela em Direito (UFMG) e especialista em Arte Educação (UEMG). Técnica-Administrativa em Educação do Centro de Coleções Taxonômicas do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.















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Conservação biológica ex situ promovendo o conhecimento da biodiversidade brasileira e o desenvolvimento científico

Coleções taxonômicas são conjuntos de espécimes (exemplares/indivíduos) de seres vivos, partes deles (tecidos, DNA) ou produtos resultantes de suas atividades (pegadas, ninhos, etc), devidamente documentados, com indicação de origem e identificação taxonômica, e preservados de maneira adequada ao estudo científico.
Diferentemente de coleções didáticas (destinadas ao ensino) e de mostruários públicos (destinados à visitação do público em geral), as coleções taxonômicas são coleções de pesquisa, destinadas a estudos científicos e não à exibição ou manipulação frequente, então geralmente têm acesso praticamente restrito a pesquisadores. Elas abrigam raridades e outros materiais importantes, com intenção de serem preservados indefinidamente, para permanecerem disponíveis para estudo nas gerações futuras. Necessitam, assim, ter suas amostras guardadas em condições especiais de armazenamento, temperatura, umidade e luminosidade, para proteção contra ataques de pragas e fungos e outros tipos de deterioração; além de demandarem uma organização que facilite a localização e utilização dos espécimes ao mesmo tempo em que otimiza a ocupação do espaço.

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Figura 1: Alguns dos armários e estantes que abrigam o acervo do Centro de Coleções Taxonômicas da UFMG. Da esquerda para a direita: armários com gavetas entomológicas, prateleiras com material de coleções preservadas em álcool, armários com exsicatas.

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As coleções taxonômicas são depositárias de espécimes testemunho (exemplares empregados em estudos científicos) e oferecem suporte à identificação ao possibilitar análises comparativas com os indivíduos já identificados que constam nos acervos. Ainda, como têm suas amostras coletadas em diversos locais e datas, constituem registros da variação morfológica, genética, geográfica e temporal dos organismos, servido como fonte básica de informação para estudos de diversas áreas da biologia e de outras ciências correlatas.

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Figura 2: Site do Centro de Coleções Taxonômicas da UFMG

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O Centro de Coleções Taxonômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (CCT-UFMG) é um dos maiores repositórios ex situ (fora do local de origem) da biodiversidade brasileira. Seu acervo, estimado em mais de dois milhões de amostras, é importantíssimo para a pesquisa, o ensino e a conservação em Minas Gerais e para o estudo da biodiversidade brasileira.

A finalidade do CCT-UFMG é, primordialmente, o armazenamento, catalogação e disponibilização dos depósitos de material biológico e de espécimes da biodiversidade brasileira para servirem como apoio à pesquisa, ensino, extensão e inovação científica. Mas, também, são objetivos e consequências de suas atribuições outras questões correlatas, como a divulgação do conhecimento científico e a facilitação da formação de recursos humanos nas áreas ambiental e de biodiversidade.

Seu acervo, gigantesco e valioso, está distribuído em 26 coleções que agregam espécimes de animais, vegetais, fungos e microrganismos, além de subamostras (tecidos, DNA e células). Possui exemplares coletados desde a segunda metade do século XIX, inclusive de áreas que hoje estão muito degradadas, como o vale do Rio Doce, e conta com vários tipos nomenclaturais (usados na descrição de novas espécies). Dentro de suas coleções, por exemplo, ele abriga, entre outros destaques, o maior herbário de Minas Gerais, conhecido pelo acrônimo BHCB, e a maior coleção de libélulas da América do Sul.

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Figura 3: Alguns exemplares da coleção entomológica do Centro de Coleções Taxonômicas da UFMG

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O CCT-UFMG preserva material testemunho vindo de pesquisas básicas (estudos taxonômicos e inventários biológicos), integrativas (ecologia, biogeografia e genética) e aplicadas (bioprospecção, desenvolvimento biotecnológico e pedidos de patentes com componentes da biodiversidade brasileira). E, apesar de seu acervo ter origem principalmente nas pesquisas realizadas na UFMG, especialmente dentro dos Programas de Pós-Graduação do Instituto de Ciências Biológicas, uma parte significativa dos espécimes vem, também, de outras instituições, de empresas privadas e de particulares.

Por exemplo, o CCT-UFMG recebeu em doação um grande acervo de libélulas, que eram da coleção particular do falecido professor Angelo Machado. Também acontecem permutas com outras instituições de pesquisa, onde o CCT cede alguns de seus exemplares em troca de outros de interesse para suas coleções. Ainda, por força de lei, material testemunho de estudos de impacto ambiental devem ser depositados em coleções públicas, e o recebimento desse material, proveniente de coletas realizadas por profissionais e empresas de consultoria ambiental, é um dos serviços prestados pelo Centro de Coleções Taxonômicas da UFMG.

As informações sobre as espécies no acervo do CCT-UFMG constituem fonte primária para estudos sobre a diversidade biológica em Minas Gerais e no Brasil, fornecendo, ainda, dados valiosos sobre a distribuição espacial e temporal dos organismos. Tais informações podem ser usadas na avaliação de impactos ambientais, bem como são úteis para modelar cenários do passado e do futuro, tornando possível entender como as alterações ambientais, inclusive as mudanças climáticas, afetaram e afetarão nossa biota, uma das mais ricas e ameaçadas do planeta.

Parte dos dados do acervo do CCT-UFMG já está informatizada e disponível para consulta online em bases científicas como o SpeciesLink, do Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA); o Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr) e o Global Biodiversity Information Facility (GBIF).


Para saber mais sobre coleções taxonômicas: https://sistematicabiologi.wixsite.com/sistematica/colecoes-taxonomicas

Este texto foi produzido como atividade da disciplina de Divulgação Científica e Comunicação Pública das Ciências da Conservação, do programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Fauna Silvestre da UFMG, ministrada por Lucas Perillo.

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