Para mitigar o impacto da pesca sobre as aves marinhas, é necessário que haja mudanças simples nas ferramentas de pesca, como a instalação de bandeirolas para afugentamento das aves, evitando que elas voem em direção ao artefato de pesca, desta forma evitando a captura acidental. Estudos mostram que a educação ambiental e instalação de medidas que evitem a aproximação de aves marinhas aos artefatos de pesca, diminuem a interação acidental de captura destes animais (DIAS et al., 2019).
Os pinguins são frequentemente alvos de impactos antrópicos, como por exemplo a contaminação por petróleo, que ao entrar em contato com as penas causa uma desorganização da estrutura da plumagem, afetando a permeabilidade destes animais, além do impacto na saúde de longo prazo destes animais, como por exemplo a morte por intoxicação com petróleo. As espécies de pinguins parecem ser as mais impactadas pelo petróleo, uma vez que passam maior parte do tempo dentro da água, e isto aumenta a chance de ser contaminado (LIMA; GRANDE, 2014).
As mudanças climáticas também impactam negativamente a qualidade de vida das aves marinhas, diminuindo a densidade, abundância e composição de suas presas, isso também impacta modificando o comportamento destes animais, afetando principalmente espécies que vivem em regiões onde ocorre o efeito da ressurgência. As mudanças nos padrões de disposição do alimento destas aves podem afetar os padrões de migração de determinadas espécies, diminuição da abundância e distribuição (CHAMBERS, 2009).
O aumento no número de tempestades também é um efeito das mudanças climáticas, porém tem pouco efeito direto sobre as aves marinhas, entretanto o aumento da precipitação pode ocasionar alagamento dos ninhos. As épocas de menos precipitação também são influenciadas pelas mudanças climáticas, tornando-as mais severas, favorecendo a impactos indiretos como menos disponibilidade de presas e incêndios causados na vegetação seca ao redor dos ninhos (CHAMBERS, 2009). A criação de políticas públicas de emissão de gases do efeito estufa devem ser incentivadas em nível global para mitigar a ação do homem sobre as mudanças climáticas, encorajando ações de sustentabilidade na indústria por meios de incentivos relevantes que ajudem a indústria a entender seu papel na modificação do clima global, promovendo a conservação e recuperação de florestas e melhorando o processo de urbanização para o incentivo do uso de transportes coletivos de qualidade.
A presença humana também impacta as aves marinhas, principalmente a partir do afugentamento das aves. O turismo descontrolado pode ocasionar perda de habitat para estes animais, principalmente em ilhas costeiras, onde as aves marinhas preferem fazer seus ninhos (RANGEL, D.F.; TAVARES; ZALMON, 2020). Frequentemente os humanos introduzem espécies invasoras nos habitats naturais destas aves, como por exemplo os cães que passam a caçar e afugentar as aves, ou a presença de ratos ou gatos que podem ser levados acidentalmente ou não para as ilhas onde estas aves nidificam, impactando a taxa natalidade, se alimentando dos ovos e impactando negativamente também trazendo doenças para essas aves (TAVARES, D. C. et al., 2017).
O lixo marinho também é um grande vilão para as aves marinhas, principalmente o plástico. A produção de plástico cresce anualmente em todo o planeta e é correspondente com concentração de plástico encontrados nos oceanos. Estudos recentes mostram que é possível encontrar plástico em todos os oceanos do planeta, representando assim uma ameaça real para toda a vida marinha e indiretamente para a vida humana (WILCOX et al., 2015). O plástico é ingerido acidentalmente por aves marinhas ocasionando perda de peso, bloqueio do trato digestivo ou a morte do animal. Estudos recentes mostram que algumas espécies de aves marinhas se confundem ao buscar por materiais para fazer seus ninhos e acabam usando plásticos disponíveis no oceano, expondo desde cedo seus filhotes a poluição e riscos de emaranhamento, porém estas espécies são consideradas bioindicadores da poluição marinha por plásticos, indicando indiretamente a qualidade do oceano a partir do lixo marinho encontrado em seus ninhos (TAVARES, DAVI CASTRO et al., 2016). O plástico nos oceanos, embora muito abundante, não confere um impacto direto a curto prazo, desta forma afeta as aves a longo prazo diminuindo sua expectativa de vida ao ser ingerido e também contaminando seu ambiente, portanto, impactos como a captura acidental pela pesca, espécies invasoras e mudanças climáticas, causam maior declínio populacional nas aves marinhas (DIAS et al., 2019).
O principal fator de impacto identificado foi a captura acidental pela pesca, seguido consecutivamente da presença das espécies invasoras em seus habitats e mudanças climáticas, estes fatores impactam de forma mais direta para o declínio das aves. O plástico, embora esteja presente em todo o oceano, acaba por ser um efeito de longo prazo, onde estes animais ingerem acidentalmente, diminuindo sua expectativa de vida. Para contribuir com a conservação das aves marinhas, é preciso mitigar ou eliminar estas ameaças. Os pescadores precisam adequar suas ferramentas de pesca para evitar a captura acidental das aves, a educação ambiental para comunidades pesqueiras e a fiscalização presente também é necessária para um efeito duradouro destas medidas.
Recentemente uma pesquisa mostrou como é importante a ligação da cultura pop usando os diversos Pokémon morfologicamente semelhantes a aves marinhas como ferramenta de educação ambiental para a conservação destes animais, desta forma aproximando o tema de forma amigável para pessoas de todas as idades, em especial as crianças que tem contato com estes personagens muito antes de conhecer os animais (RANGEL et al, 2020).
conservação da biodiversidade