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Autores do Blog Ciência em Ação

Por: Jéssica Stephanie Kloh
Postado dia 02/08/2023

Formada em Ciências Biológicas (Licenciatura e Bacharelado em Gestão Ambiental) pela PUC Minas, possui mestrado em Zoologia de Vertebrados pelo Programa de Pós-Graduação em Zoologia de Vertebrados da PUC Minas e Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre da UFMG. É especialista em Herpetofauna, com ênfase em larvas de anfíbios anuros, sobre as quais investiga a dieta, morfologia e comportamento.















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Os anfíbios anuros são conhecidos popularmente como sapos, rãs e pererecas e possuem grande diversidade de espécies em todo mundo. No estado de Minas Gerais, especificamente em uma das fitofisionomias encontradas no bioma do Cerrado, os Campos Rupestres (Figura 1), encontramos uma significativa riqueza em espécies de anuros. De maneira geral, muitas dessas espécies apresentam uma fase inicial de vida, conhecida como girinos (Figura 2).

Imagem da Bocaina - Blog Ciência em Ação

Figura 1: Campo Rupestre na região da Serra do Cipó em Minas Gerais.

Imagem da Bocaina - Blog Ciência em Ação

Figura 2: Girinos se alimentando.

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Essa fase inicial, representa um período descrito por muitos autores como complexo e intrinsicamente relacionado a uma menor sobrevivência dos indivíduos, uma vez que a predação sobre eles é mais acentuada nesse intervalo entre a fase de girinos e sua transformação em adultos. Entretanto, pouca atenção vem sendo dada ao estudo dos girinos. Por isso, eles vêm sendo negligenciadas em trabalhos voltados à ecologia e história natural, o que gera uma série de lacunas no conhecimento.

Estudos pioneiros sobre dieta de girinos de espécies, que ocorrem nos Campos Rupestres do Estado de Minas Gerais, mostraram que essas larvas se alimentam de elevada quantidade de pólen proveniente da vegetação ripária (Figura 3). Esse pólen, chega até as redes tróficas aquáticas por diversas vias (e.g., vento e abelhas que possuem comportamento de polinização vibratória). A partir disso, girinos de diferentes espécies e formatos corporais, apresentam alteração no comportamento de busca por alimento (plasticidade comportamental), o que permite que façam o consumo desses grãos de pólen que são depositados sobre a superfície de poças e riachos (Figura 4).

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Figura 3: Riacho onde foram realizados os estudos sobre a dieta de girinos, com destaque para a vegetação ripária ao entorno

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Figura 4: Esquema ilustrado do comportamento alimentar de girinos de Scinax machadoi, se alimentando de pólen na superfície d´água do riacho.

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O pólen é muito rico em nutrientes e lipídios, o que o torna um alimento altamente benéfico aos organismos que o consomem. No entanto, os grãos de pólen são revestidos por envoltórios rígidos e difíceis de serem rompidos. Em consequência dessa característica, aqueles animais que os consomem necessitam de estratégias adequadas e eficientes para se alimentarem do seu conteúdo interno nutritivo. Sendo assim, os girinos são capazes de romper os envoltórios rígidos por meio da ação de enzimas digestivas. Desse modo, o pólen provido pela vegetação ripária tem muita importância na dieta dos girinos. Portanto, nosso estudo evidencia que as redes alimentares, das quais os girinos fazem parte, são mais complexas e ainda pouco exploradas nesses ambientes de campos rupestres.

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