Por: José Ricardo Assmann Lemes Postado dia 29/03/2021Biólogo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)
Mestre em Biologia Animal pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Doutorando em Ciências Biológicas (Entomologia) pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
A importância da conservação dos insetos.
Vocês já ouviram falar sobre espécies bandeiras? Pode ser que alguns de vocês nunca tenham escutado essa expressão, mas se eu der alguns exemplos tenho certeza que pelo menos sobre um deles vocês já escutaram. Arara-azul, onça-pintada, tamanduá-bandeira e, é claro, o mico-leão-dourado, são exemplos de algumas espécies bandeiras brasileiras.
Posso dizer que é consenso entre os biólogos que um dos principais responsáveis pela extinção de espécies na natureza é a destruição de seus hábitats. Espécies bandeiras são espécies de animais que funcionam como um tipo de “garoto propaganda” para suas áreas de ocorrência natural. Dessa forma, o conceito de espécie bandeira visa escolher alguma espécie ameaçada de extinção e tentar conscientizar a população humana de que a destruição de seus hábitats vai levar ao desaparecimento dessa espécie. Ao se proteger o hábitat de uma espécie bandeira ocorre o chamado efeito guarda-chuva na biologia da conservação: todas as outras espécies que habitam aquele local demarcado como área de ocorrência da espécie bandeira também estarão protegidas.
Certo. Tudo maravilha. Mas eu gostaria de perguntar se vocês notaram alguma particularidade em comum entre as espécies que eu citei ali em cima como exemplos de espécies bandeiras. Se não encontrarem a semelhança, eu ajudo vocês. Todos os animais citados representam vertebrados e, por sinal, muito carismáticos. São animais de fácil apelo pelo público geral. A famosa “fofofauna”.
Agora darei outra informação importante para vocês. Vocês sabiam que os insetos representam mais de 70% de todos os seres vivos conhecidos pela ciência? Eu falei todos os seres vivos, ou seja, incluo aí não só os demais animais, mas também as plantas, os fungos e todos os demais microrganismos. Mas se os insetos são tão diversos como eu estou afirmando, por que eles geralmente não são citados em programas de conservação como espécies bandeiras, por exemplo?
Acho que já sabem a resposta para essa última pergunta. Eles não representam o que eu chamei anteriormente de “fofofauna”. Pelo contrário, insetos quase sempre são “marginalizados” por meio de estereótipos negativos. Alguns picam e causam alergias, são feios, nojentos, venenosos e transmitem doenças. Se vir um inseto em sua frente, melhor mata-lo!
Enfim, a hipocrisia. Os insetos, apesar dessa má fama, são criticamente essenciais para a manutenção de toda a vida na Terra. A realidade muitas vezes omitida é a de que a maioria dos ecossistemas terrestres viria a sucumbir sem a presença dos insetos.
Nossa, que exagero! Será? Vamos aos fatos. A esmagadora maioria das espécies de plantas que existe em nosso planeta depende de polinização, um serviço ecossistêmico que na maioria das vezes é realizado pelos insetos. As abelhas são as grandes queridinhas quando se fala em polinização, mas outros insetos como borboletas, moscas, mosquitos e besouros também participam desse processo. E não é só para plantas das vegetações naturais que os insetos são importantes polinizadores. A maioria das plantas alimentícias cultivadas pelos seres humanos, por exemplo, depende de insetos para polinizá-las.
Apenas com o que disse no parágrafo anterior já deveria ter convencido a todos vocês sobre a importância dos insetos. Mas podemos continuar. Vocês já ouviram falar sobre decomposição da matéria orgânica? Tenho certeza que sim. A decomposição é um processo natural no qual a matéria orgânica é reduzida a partículas cada vez menores e que são disponibilizadas para o meio ambiente, num processo de ciclagem de nutrientes. Ciclagem, pois é um ciclo: essas partículas vão servir como nutrientes para outros organismos que, quando morrerem, vão reiniciar todo o processo.
Vocês já ouviram falar sobre espécies bandeiras? Pode ser que alguns de vocês nunca tenham escutado essa expressão, mas se eu der alguns exemplos tenho certeza que pelo menos sobre um deles vocês já escutaram. Arara-azul, onça-pintada, tamanduá-bandeira e, é claro, o mico-leão-dourado, são exemplos de algumas espécies bandeiras brasileiras.
Posso dizer que é consenso entre os biólogos que um dos principais responsáveis pela extinção de espécies na natureza é a destruição de seus hábitats. Espécies bandeiras são espécies de animais que funcionam como um tipo de “garoto propaganda” para suas áreas de ocorrência natural. Dessa forma, o conceito de espécie bandeira visa escolher alguma espécie ameaçada de extinção e tentar conscientizar a população humana de que a destruição de seus hábitats vai levar ao desaparecimento dessa espécie. Ao se proteger o hábitat de uma espécie bandeira ocorre o chamado efeito guarda-chuva na biologia da conservação: todas as outras espécies que habitam aquele local demarcado como área de ocorrência da espécie bandeira também estarão protegidas.
Certo. Tudo maravilha. Mas eu gostaria de perguntar se vocês notaram alguma particularidade em comum entre as espécies que eu citei ali em cima como exemplos de espécies bandeiras. Se não encontrarem a semelhança, eu ajudo vocês. Todos os animais citados representam vertebrados e, por sinal, muito carismáticos. São animais de fácil apelo pelo público geral. A famosa “fofofauna”.
Agora darei outra informação importante para vocês. Vocês sabiam que os insetos representam mais de 70% de todos os seres vivos conhecidos pela ciência? Eu falei todos os seres vivos, ou seja, incluo aí não só os demais animais, mas também as plantas, os fungos e todos os demais microrganismos. Mas se os insetos são tão diversos como eu estou afirmando, por que eles geralmente não são citados em programas de conservação como espécies bandeiras, por exemplo?
Acho que já sabem a resposta para essa última pergunta. Eles não representam o que eu chamei anteriormente de “fofofauna”. Pelo contrário, insetos quase sempre são “marginalizados” por meio de estereótipos negativos. Alguns picam e causam alergias, são feios, nojentos, venenosos e transmitem doenças. Se vir um inseto em sua frente, melhor mata-lo!
Enfim, a hipocrisia. Os insetos, apesar dessa má fama, são criticamente essenciais para a manutenção de toda a vida na Terra. A realidade muitas vezes omitida é a de que a maioria dos ecossistemas terrestres viria a sucumbir sem a presença dos insetos.
Nossa, que exagero! Será? Vamos aos fatos. A esmagadora maioria das espécies de plantas que existe em nosso planeta depende de polinização, um serviço ecossistêmico que na maioria das vezes é realizado pelos insetos. As abelhas são as grandes queridinhas quando se fala em polinização, mas outros insetos como borboletas, moscas, mosquitos e besouros também participam desse processo. E não é só para plantas das vegetações naturais que os insetos são importantes polinizadores. A maioria das plantas alimentícias cultivadas pelos seres humanos, por exemplo, depende de insetos para polinizá-las.
Apenas com o que disse no parágrafo anterior já deveria ter convencido a todos vocês sobre a importância dos insetos. Mas podemos continuar. Vocês já ouviram falar sobre decomposição da matéria orgânica? Tenho certeza que sim. A decomposição é um processo natural no qual a matéria orgânica é reduzida a partículas cada vez menores e que são disponibilizadas para o meio ambiente, num processo de ciclagem de nutrientes. Ciclagem, pois é um ciclo: essas partículas vão servir como nutrientes para outros organismos que, quando morrerem, vão reiniciar todo o processo.
conservação da biodiversidade