Postado dia 16/08/2021
Engenheira agrônoma (Universidade de Lisboa, 2004), mestre (2008) e doutora (2020) em Ecologia Aplicada (Universidade de São Paulo, ESALQ). Pesquisadora do Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (NEMA/UNIVASF) e do Instituto Pró-Carnívoros (IPC). Trabalho com estratégias de combate e prevenção da desertificação e conflitos humanos-fauna silvestre. Esta semana uma amiga querida partilhou comigo um artigo muito interessante, na tentativa de ajudar-me a achar uma resposta à pergunta sobre raças bovinas africanas autóctones, parte de um questionamento maior que sempre tive, sobre quão seculares em alguns lugares são algumas das atividades que assim categorizamos. Minha formação básica é em engenharia agronômica, então, história (humana ou natural) deveras não é disciplina na qual navegue com segurança. Porém, depois que me atrevi a entrar nesse mundo grande e diverso (e encantador!) da biologia da conservação, com maior dedicação às interações entre pessoas e fauna silvestre, aceitei que o mundo é isso: depois de o organizarmos “em compartimentos”, lhes darmos nomes, “dissecarmos” cada um de seus componentes até chegarmos a algo indivisível… percebemos que a vida real é “tudo ao mesmo tempo aqui”. E foi com esse espírito que concebi estas linhas.
Bom, o artigo sugerido não respondeu à minha pergunta, mas nele encontrei uma referência de 1969 [1] que diz textualmente, “decision-makers operating in an environment base their decisions on the environment as they perceive it, not as it is. The action resulting from decision, on the other hand, is played out in a real environment”. Embora a frase tenha sua primeira aplicação aos tomadores de decisão, sejam gestores públicos ou outros agentes em um território, todos, em maior ou menor intensidade e/ou frequência, decidem, influenciam e/ou são afetados por decisões tomadas por terceiros. Então, se decidir sempre foi algo difícil e de responsabilidade, incluir a subjetividade que nossas percepções agregam à nossa visão de mundo quando decidimos, torna o peso maior e o cuidado necessário, redobrado.
O trabalho que tive o privilégio de desenvolver antes de iniciar o doutorado, e durante o doutorado, no Boqueirão da Onça, região norte do estado da Bahia, um dos últimos contíguos de caatinga, abrangendo território de seis municípios, e desde 2018 com o status de proteção conferido por um polígono de unidades de conservação (Figura 1), reforçou essa máxima de Brookfield: nem tudo o que parece, é da forma que parece ser.
Bom, o artigo sugerido não respondeu à minha pergunta, mas nele encontrei uma referência de 1969 [1] que diz textualmente, “decision-makers operating in an environment base their decisions on the environment as they perceive it, not as it is. The action resulting from decision, on the other hand, is played out in a real environment”. Embora a frase tenha sua primeira aplicação aos tomadores de decisão, sejam gestores públicos ou outros agentes em um território, todos, em maior ou menor intensidade e/ou frequência, decidem, influenciam e/ou são afetados por decisões tomadas por terceiros. Então, se decidir sempre foi algo difícil e de responsabilidade, incluir a subjetividade que nossas percepções agregam à nossa visão de mundo quando decidimos, torna o peso maior e o cuidado necessário, redobrado.
O trabalho que tive o privilégio de desenvolver antes de iniciar o doutorado, e durante o doutorado, no Boqueirão da Onça, região norte do estado da Bahia, um dos últimos contíguos de caatinga, abrangendo território de seis municípios, e desde 2018 com o status de proteção conferido por um polígono de unidades de conservação (Figura 1), reforçou essa máxima de Brookfield: nem tudo o que parece, é da forma que parece ser.

Figura 1: Brasil – Ucs Boqueirão da Onça - Claudia Campos
conservação da biodiversidade