Estas espécies foram introduzidas, intencional ou acidentalmente, em locais diferentes das suas regiões de ocorrência natural, configurando diferentes formas de invasão biológica. Estes processos de invasão ocorrem quando há a ampliação da área de ocorrência natural de uma espécie que apresenta altas taxas de reprodução e dispersão. A introdução de espécies exóticas resulta em cenários de desequilíbrio ecológico, em sua maioria, irreversíveis, de altas taxas de perda de biodiversidade em diferentes ecossistemas em todo o mundo segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Richardson et al (2000), definiram invasão biológica e os fatores para que uma espécie se torne invasora: (I) Uma espécie, qualquer que seja, deve primeiro ultrapassar barreiras geográficas, ampliando sua área de ocorrência natural tornando-se uma exótica. (II) Em seguida quando as barreiras reprodutivas e dispersoras são rompidas, a espécie torna-se capaz de reproduzir e dispersar sua descendência, tornando-se naturalizada. (III) A terceira etapa, seria a de ultrapassar as barreiras ambientais e/ou naturais; caso a espécie supere qualquer uma destas, é finalmente considerada uma espécie invasora. Como é possível notar neste estudo, a transformação de uma espécie exótica em invasora não é tão simples, é preciso que essa supere muitas etapas para que se torne efetivamente uma espécie invasora.
No entanto, ultrapassar tais barreiras não é um processo irreversível: fatores como flutuações climáticas, por exemplo, podem levar certos táxons a extinções locais ou regionais e também permitir que sobrevivam e se espalhem, e é nestes momentos que surgem os maiores problemas em relação à introdução de espécies exóticas. Exóticas invasoras são consideradas a segunda maior causa de extinção de espécies no planeta, superadas apenas pela perda de habitats, sendo atualmente a maior ameaça à integridade dos ecossistemas naturais, afetando diretamente a biodiversidade, a economia e a saúde humana.
A introdução de exóticas é uma prática milenar, que provavelmente existe desde os primórdios da humanidade quando os povos nômades, durante seus deslocamentos, levavam consigo diferentes organismos por longas distâncias, de maneira consciente ou não. No entanto, ao longo da história o ser humano desenvolveu diferentes necessidades de comunicação, novas experiências culturais e mudou sua forma de se alimentar. Com essa mudança de hábitos, a própria sedentarização dos povos fez com que certas espécies necessárias para suprir suas necessidades fossem transportadas de um ponto a outro do globo, haja vista as grandes navegações em busca de especiarias, tecidos, animais exóticos.
Essas mudanças no modo de vida da grande maioria das comunidades humanas, em paralelo a novos ideais econômicos, como a constante produção de bens e serviços, fez com que mesmo a transição do estilo de vida nômade para o estilo de vida sedentário não impedisse que estas espécies continuassem a ser dispersas pelo globo, mas ao contrário, contribuíram para difundir esta prática. Com o desenvolvimento tecnológico, que permitiu deslocamentos mais rápidos e eficientes, a ação antrópica intensificou os processos de invasões biológicas a medida que se fortaleceu o comércio em níveis internacionais. Desta forma, hoje diversas espécies exóticas apresentam importância econômica, com a venda de animais exóticos como pets, ou no melhoramento genético de gramíneas forrageiras, podendo dificultar a comunicação entre setores da pesquisa, da política e da economia para o combate das invasões biológicas.
conservação da biodiversidade