Alergias
São esperadas mudanças significativas nos padrões de exposição a pólen e fungos. Além disso, maior concentração de poluentes (e a interação entre poluentes), eventos de tempestade de areia e pó, resultarão em impactos negativos na saúde respiratória (Katelaris e Beggs, 2018).
O estudo de Katelaris e Beggs (2018) mostrou que o aquecimento global agrava os sintomas de alergia, principalmente durante a primavera. Há provas suficientes de que o aumento da temperatura e do nível de CO2 impactam a produção de pólen e plantas. Para muitas plantas, níveis altos de CO2 representam mais recurso vital e, consequentemente, maior reprodução e geração de pólen.
Já com relação à exposição aos fungos, os efeitos adversos à saúde podem ocorrer por uma variedade de mecanismos, incluindo infecção, alergia, irritação e toxicidade, dependendo da natureza e da dose da exposição. A infecção pode ser observada em pacientes normais e imunocomprometidos. A proliferação de fungos pode ser ocasionada pelo aumento das inundações, outra consequência das mudanças climáticas. As inundações resultam em elevação da umidade em residências e promovem o crescimento de fungos. Por exemplo, após o furacão Katrina em Nova Orleans, EUA, foram observadas altas contagens de fungos em ambientes internos e externos. O aumento da umidade junto com as temperaturas e os níveis de CO2 mais elevados estimulam o crescimento de fungos.
Outro tipo de alergia que pode ser agravada pelo aquecimento global é a alergia aos alimentos. Alguns estudos mostram evidências de que maiores concentrações de CO2 podem alterar a alergenicidade de algumas comidas. Isso já foi observado em um estudo que mostrou um maior poder alergênico do amendoim quando produzido em condições com elevada presença de gás carbônico (Ziska et al., 2016).
Doenças infecciosas transmitidas por vetores
Em países tropicais, frequentemente há mais doenças transmitidas por vetores, sendo um dos principais problemas de saúde pública resultantes do aquecimento global (Barcellos et al., 2009). Elas constituem, ainda hoje, importante causa de morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo, e o ciclo de vida de seus vetores está fortemente relacionado à dinâmica ambiental dos ecossistemas onde estes vivem (Fiocruz, 2018).
Doenças como dengue, malária, leishmaniose tegumentar e visceral, febre amarela, a filariose, a febre do oeste do Nilo, a doença de Lyme, e outras transmitidas por carrapato e inúmeras arboviroses, têm variável importância sanitária em diferentes países de todos os continentes. A mudança no clima, aliado ao impacto nos ecossistemas locais, podem ocasionar um aumento no caso dessas doenças. Infelizmente, os mais afetados serão as populações mais vulneráveis (Fiocruz, 2018).
Além disso, eventos de chuvas fortes podem transportar agentes microbiológicos terrestres para fontes de água potável, resultando em surtos de criptosporidiose, giardíase, amebíase, febre tifóide e outras infecções.
conservação da biodiversidade