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Autores do Blog Ciência em Ação

Por: Jeruza Campos Araújo Ribeiro
Postado dia 31/08/2023

Graduada em Ecologia pela Universidade de Belo Horizonte (2014) e em Pedagogia pelo Instituto Mineiro de Formação Continuada - ZAYN (2021). Especializada em Segurança do Trabalho com foco em Meio Ambiente (2021), e mestranda no PPG ECMVS (Ecologia, Conservação e Manejo da Vida silvestre. Participação na condição de bolsista CNPQ, do projeto "Bioindicadores para avaliação do efeito de mudanças climáticas globais em montanhas tropicais" (2014/2015) e do projeto "Ecossistemas extremos do cerrado: a biodiversidade e funcionalidade nos campos rupestres" (2015/2016) junto ao Laboratório de Ecologia Evolutiva e Biodiversidade vinculado ao Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Fez parte da equipe técnica, representando a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Contagem, que participou do programa "Interact-Bio" na Região Metropolitana de Belo Horizonte, atuando na conservação da biodiversidade e promoção de serviços ecossistêmicos (2018/2019).















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As perturbações em massa proferidas pelas populações humanas têm promovido profundas alterações nas paisagens naturais. E assim, vêm degradando, destruindo e alterando habitats nas mais diversas partes do mundo, levando espécies ou mesmo comunidades inteiras ao colapso. Atualmente, a perda e fragmentação de habitat tem sido considerada a principal ameaça à biodiversidade e age de forma sinérgica a outros fatores como sobre-exploração e poluição. De outro modo, os humanos enquanto espécie apresentam distribuição dispersa por tudo globo terrestre, extraindo rapidamente os recursos ambientais presentes no planeta.

Desta forma, o avanço tecnológico e científico atrelado ao modelo econômico capitalista vigente vem provocando a extinção de espécies em escala massiva. As ameaças à diversidade biológica supramencionadas estão acelerando a trajetória de um grande número de espécies rumo à extinção, e até mesmo comprometendo seriamente os esforços para protegê-las. Nesse ínterim, o crescente e acelerado uso de recursos ambientais não renováveis por uma população humana em franco crescimento é o fator preponderante nos processos de perda e fragmentação de habitats, que consequentemente resultam em ameaças à biodiversidade.

Ao considerarmos que o homem faz parte da parcela biótica que mais interfere no dinâmica natural do planeta, percebe-se a necessidade de intervenções principalmente a nível educacional. Ademais, diante do declínio dos principais biomas globais e visando se possível reverter a crise ambiental emergente, ressalta-se a importância da educação ambiental de cunho conservacionista, como um campo de conhecimento a ser desenvolvido junto a população humana em âmbito global. Deste modo, a inserção de determinados conceitos e condutas no âmbito dos saberes e das práticas populares mostra-se urgente e imperativo. Justificando a utilização de campanhas educativas como ferramenta no desenvolvimento de políticas públicas para o meio ambiente e bem-estar social.

Desta maneira, a educação ambiental é classificada por Loureiro et al. (2005) como:

(...) práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida e a atuação lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos, no meio ambiente.


A diversidade biológica oferece benefícios diretos e indiretos à população humana. Tais benefícios são classificados como serviços do ecossistema e são indispensáveis à qualidade de vida e ao bem-estar social. O que chama a atenção é que, de modo geral, as pessoas não compreendem ou não percebem que são dependentes dos serviços acima mencionados. Nesse sentido, o ambiente natural e a biodiversidade têm sua importância diminuída pela própria população, ficando exposta e vulnerável aos processos de degradação e, com isso, perdendo a capacidade e o potencial de prestação dos serviços ecossistêmicos.

Atualmente, a comunicação se dá principalmente pelos meios digitais, possibilitando uma comunicação em tempo real entre pessoas de todo globo. Desse modo, as ferramentas digitais detêm com sua rede de comunicação elevado potencial pedagógico. No entanto, apesar dos benefícios oferecidos pela rede, grande parte das informações a respeito da perda sistemática e acelerada dos ambientes naturais e sua biodiversidade, estão disponíveis em linguagem inacessível para grande parte das pessoas. Tornando necessário a adequação da linguagem para e circulação de material educativo e formativo, visando mediar a informação entre a fonte de pesquisa e o interlocutor. Promovendo a circulação de informações fidedignas a respeito da crise ambiental em que estamos inseridos, assim como, das consequências pertinentes ao nosso descaso com essa questão.

As redes digitais tem demonstrado grande potencial para mobilização do apoio popular para as mais diversas frentes. A comunicação digital associada utilização de espaços públicos como ambiente para a educação não formal, por exemplo os parques e praças, possibilita potencializar que as informações cheguem às pessoas. Ainda, a elaboração de material didático/pedagógico e disponível gratuitamente nas redes, atrelado a uma agenda educativa e a utilização dos espaços públicos para a realização de atividades culturais com foco educação ambiental, consistem em possibilidades de políticas públicas para o meio ambiente. A comunicação cientifica, tendo em vista a educação ambiental baseada na ecologia profunda, em sua essência tem o objetivo de alcançar o eu-ecológico de cada um dos indivíduos, restabelecendo o elo de equilíbrio entre humanidade e natureza através da disseminação do saber ambiental.

Existe a necessidade de profissionais bem preparados para a realização de atividades voltadas a formação socioambiental e à Comunicação científica para conservação. Em tese, este profissional tem o papel de facilitar uma transição paradigmática, assim como tantas outras ocorridas ao longo da trajetória humana na terra. A preservação da natureza é uma tarefa de todos nós!

Dessa forma, para finalizar, parafraseando Arne Naess:

“o cuidado flui naturalmente se o “eu” é ampliado e aprofundado de modo que a proteção da natureza livre seja sentida e concebida como a proteção de nós mesmos”

Referências:
FOX, W. Toward a Transpersonal Ecology, Shambhala, Boston, 1990. GOLDIM, R. Ecologia Profunda.
LOUREIRO, C. F. B. Educação ambiental e gestão participativa em unidades de conservação. 2. ed. Rio de Janeiro: IBAMA, 2005. 57 p.
GROOMBRIDGE, B (ed). Global Biodiversity: Status of the Earth’s Living Resources. Complid by the world conservation monitoring centre, Cambridge, U.K. Chapman and Hall, London, 1992.
PARDINI, Renata; NICHOLS, Elizabeth; PÜTTKER, Thomas. Resposta da biodiversidade à perda e fragmentação de habitats. Enciclopédia do Antropoceno , v. 3, p. 229-239, 2017.

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