Os padrões que podemos reconhecer em cada um desses níveis de estruturação da vida são resumidamente os seguintes:
Quanto mais complexo for um organismo, maior será o número de tipos celulares e de proteínas que constituem seu corpo. Isso é facilmente entendível. Porém, o número de genes em um organismo não segue esse mesmo padrão, o que indica que a complexidade da constituição genômica dos organismos não tem relação diretamente proporcional à complexidade estrutural e funcional dos organismos.
Essas configurações moleculares plásticas resultam na configuração de diferentes células em organismos multicelulares. Porém, a energia para a montagem dessa configuração está sempre associada a mitocôndrias e a cloroplastos. Esse é um padrão: a usina geradora de ATP é semelhante em quaisquer células vegetais ou animais. Uma vez evoluída, essa interação mitocôndria/cloroplasto/célula permaneceu invariável no decurso da evolução da complexidade.
Entretanto, para manutenção dessa complexidade não bastam as células, sem a participação de microrganismos que executam várias funções associadas ao fluxo de nutrientes. Simplesmente essa complexidade se desfaria não fossem esses microrganismos intermediários na produção de certos nutrientes, por exemplo, vitaminas e outros nutrientes necessários para manutenção das estruturas e funções. Caso todos microrganismos fossem de uma só vez erradicados, por exemplo, do corpo humano, esse sucumbiria como se fosse uma pintura fresca com excesso de tinta que escorre topo abaixo, transformando o quadro quase em um borrão, exceto pela configuração do esqueleto interno que ainda permaneceria, mas como um amontoado de ossos. O ecólogo evolutivo Peter Price, que propôs a hipótese da importância dessas interações para evolução e manutenção da estabilidade e integridade estrutural de organismos complexos. Portanto, essa ideia não é nossa. Apenas a metáfora da pintura é, mas intuitivamente a achamos convincente, a despeito de ser refratária a tratamento experimental detalhado, exceto talvez teoricamente e in silico.
Apesar disso, já se admite, principalmente por microbiologistas, que o homem e outros organismos não devam ser considerados como um indivíduo independente das comunidades de microrganismos que estão principalmente em seu intestino, no caso dos cupins, por exemplo. Há até o termo holobionte utilizado para caracterizar esses ecossistemas ambulantes. Os cupins, incapazes de digerir celulose da madeira da qual se alimentam, mantém interações mutualísticas com bactérias e principalmente protozoários que digerem a celulose, considerados holobiontes. Outro exemplo vem dos estudos sobre as interações entre a microbiota edáfica, raízes de plantas e outros organismos que vivem também no solo. As micorrizas são exemplos claros dos benefícios mútuos dessas associações.
Além disso, o homem, “indivíduo”, já foi comparado a colônias de insetos eussociais, exatamente por ter células diferenciadas que desempenham várias funções distintas no funcionamento do corpo, embora integradas. Se ocorre algum problema com algumas delas (por exemplo, câncer), de algum modo as demais poderão ser afetadas durante o processo de reprodução e disseminação das células cancerígenas. Essa ideia, de organismo como colônia de células, para nós factível, foi apresentada a um dos autores deste texto há cerca de 30 anos em uma palestra ministrada pelo evolucionista teórico W. D. Hamilton: o corpo humano, e por extensão de organismos mais complexos, são semelhantes a sociedades de formigas e outros insetos eussociais, nos quais cada tipo de célula/indivíduo exerce uma função necessária para sobrevivência, manutenção e reprodução desses organismos/colônias. Interações entre células, cada uma mutuamente dependente das demais, provendo suporte para o cumprimento das funções que viabilizam as diversas atividades que um organismo complexo realiza. Associado a isso, há o envelhecimento das células e apoptose, que são paulatinamente e totalmente substituídas em intervalos de 7 em 7 anos, no caso do corpo humano. Não teria por que ser diferente, por exemplo, para outros mamíferos longevos. Operárias de formigas também envelhecem e morrem, mas são substituídas por outras operárias criadas na colônia, de modo que colônia de certas espécies pode se manter por vários anos. Além disso, uma colônia, periodicamente, emite indivíduos reprodutivos, cujas fêmeas inseminadas fundam novas colônias, dessa forma reproduzindo-a. Nesse caso, a colônia é a unidade de renovação, embora seus integrantes individuais também sejam renovados como dito anteriormente.
conservação da biodiversidade