Por: Amanda Vieira da Silva Postado dia 18/02/2021Doutoranda em Evolução e Diversidade (UFABC)
Mestre em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre (UFMG)
Graduada em Ciências Biológicas (UNIFESP)
Durante meu mestrado escolhi estudar canibalismo sexual numa espécie de aranha bastante comum, Trichonephila clavipes (popularmente conhecida como aranha da teia dourada). Provavelmente você já a viu por aí. Ela faz teias grandes, redondas e que ficam amarelas / douradas no sol. Li alguns artigos que mencionavam o comportamento de canibalismo sexual nessa espécie e pensei: “que massa, quero entender melhor os fatores que levam as fêmeas dessa espécie de aranha a canibalizarem os machos”. Pensei em diversas hipóteses (que são possíveis respostas para uma pergunta) e em vários jeitos de testá-las. Além disso, antes de ir para campo, estudei bastante sobre o assunto e comecei a escrever a introdução e os métodos. Meu projeto estava lindo e maravilhoso e estava plena para executá-lo.
Comecei o trabalho em campo ainda em dezembro, quando as aranhas estavam começando a nascer. Normalmente, as fêmeas nascem em dezembro e os machos a partir do meio de janeiro. Mesmo ainda sem a presença de machos, essa etapa foi importante para determinar que o local escolhido teria aranhas o suficiente para realização da pesquisa. Visto que já tinha bastante fêmeas, retornei a São Paulo para passar as festas de fim de ano com a minha família. Durante o jantar de Natal, contei para meus familiares o que iria estudar em meu projeto de mestrado. Não tinha como dar errado: O local já estava escolhido e tinha lido alguns artigos que mencionavam o comportamento de canibalismo sexual nessa espécie.
No começo de janeiro, retornei a Belo Horizonte para começar as coletas de dados. Minha coleta se baseava em achar uma fêmea, colocar um gafanhoto na teia (porque é nesse momento que os machos tentam a cópula e, normalmente, é durante a cópula que eles são canibalizados) e depois gravar, em áudio, tudo que aconteceria na teia. Basicamente, eu ativava o microfone do celular e falava: “Teia na área A identificação 10, fêmea rosa e azul. Possui 2 machos na teia. Fêmea se desloca em direção ao gafanhoto...” e seguia fazendo essa gravação durante 30 min. O problema foi que: após um mês em campo e muitas horas de observação, não tinha visto nenhuma fêmea canibalizar um macho. Nem sequer haviam tentado. ABSOLUTAMENTE NADA DE CANIBALISMO SEXUAL! Zero! Foi aí que disse a meu orientador: “essas fêmeas aqui não canibalizam os machos!” Conversei também com um colega de São Paulo, que havia trabalhado com essa espécie de aranha e ele me disse que durante todos os meses que passou em campo, nunca vira uma fêmea comendo o macho! Como diria Maysa, “meu mundo caiu” e o meu projeto de mestrado quase foi embora junto com meu mundo!
Comecei o trabalho em campo ainda em dezembro, quando as aranhas estavam começando a nascer. Normalmente, as fêmeas nascem em dezembro e os machos a partir do meio de janeiro. Mesmo ainda sem a presença de machos, essa etapa foi importante para determinar que o local escolhido teria aranhas o suficiente para realização da pesquisa. Visto que já tinha bastante fêmeas, retornei a São Paulo para passar as festas de fim de ano com a minha família. Durante o jantar de Natal, contei para meus familiares o que iria estudar em meu projeto de mestrado. Não tinha como dar errado: O local já estava escolhido e tinha lido alguns artigos que mencionavam o comportamento de canibalismo sexual nessa espécie.
No começo de janeiro, retornei a Belo Horizonte para começar as coletas de dados. Minha coleta se baseava em achar uma fêmea, colocar um gafanhoto na teia (porque é nesse momento que os machos tentam a cópula e, normalmente, é durante a cópula que eles são canibalizados) e depois gravar, em áudio, tudo que aconteceria na teia. Basicamente, eu ativava o microfone do celular e falava: “Teia na área A identificação 10, fêmea rosa e azul. Possui 2 machos na teia. Fêmea se desloca em direção ao gafanhoto...” e seguia fazendo essa gravação durante 30 min. O problema foi que: após um mês em campo e muitas horas de observação, não tinha visto nenhuma fêmea canibalizar um macho. Nem sequer haviam tentado. ABSOLUTAMENTE NADA DE CANIBALISMO SEXUAL! Zero! Foi aí que disse a meu orientador: “essas fêmeas aqui não canibalizam os machos!” Conversei também com um colega de São Paulo, que havia trabalhado com essa espécie de aranha e ele me disse que durante todos os meses que passou em campo, nunca vira uma fêmea comendo o macho! Como diria Maysa, “meu mundo caiu” e o meu projeto de mestrado quase foi embora junto com meu mundo!

conservação da biodiversidade