Por: Carolina de Lima Jorge Postado dia 29/01/2021Editora científica na empresa Ockham BioScience

Normalmente minhas postagens têm pouco retorno dos leitores do Linkedin, por isso fiquei surpresa não só com o número de curtidas, mas também com o número de comentários. Dentre os que retornaram, muitos alunos da pós graduação começaram a corresponder comigo e a principal reclamação que fizeram foi sobre o ambiente “tóxico” presente nas universidades brasileiras.
Quando o Rogério me pediu para escrever sobre a minha experiência na pós-graduação, comecei a pensar sobre tudo o que ocorreu após concluir a graduação em biologia e durante o período que cursei a pós-graduação: mudança da casa do pai, casamento, primeira viagem ao exterior, viver 6 meses em Copenhagen, congressos, experimentos, divórcio e finalização do doutorado.
Após concluir a faculdade de Biologia, tudo aconteceu muito rápido. A minha bolsa de mestrado da Fapesp foi aprovada antes de eu ter o meu diploma em mãos. Casei-me logo depois e em seguida iniciei a jornada da pós-graduação. Errei bastante na configuração do projeto, confesso. Deveria ser algo mais simples, mas mesmo assim eu sempre me diverti fazendo ciência.
Alguns meses depois de entrar no mestrado, um professor alemão formado em Biofísica convidou-me para viajar a Copenhagen para aprender alguns experimentos sobre transporte de lipídeos. Além disso, pediu-me para que mudasse do mestrado para o doutorado. Por meio do Programa Ciência Sem Fronteiras engajei-me naquela jornada. Esse foi o início do declínio de minha saúde mental.
Em retrospectiva, ressalto que conclui o ensino médio com 16 anos, mas só consegui entrar na faculdade com 22 anos, isso porque a minha família na época estava com dificuldades financeiras. O meu diploma do Bacharel é da era Lula, o meu diploma de Doutorado é da era Dilma.
Agora retorno à estória sobre a saúde da saúde mental: Ao chegar em Copenhagen, eu senti que meus conceitos sobre machismo, socialismo, equidade, desigualdade social, entre outros foram esquecidos. Isso porque foi inevitável para mim estabelecer comparação da Dinamarca com o Brasil. Por exemplo, um lixeiro lá tem um salário semelhante ao de um professor. Pelo que entendi, a filosofia trabalhista na Dinamarca se baseia no fato de que se alguém quer desenvolver certa profissão, você não deve receber um salário muito diferente do que aquele que escolheu outra profissão. Para eles todas as profissões são importantes e ninguém deve ser considerado melhor do que ninguém (claro que há exceções, mas em geral há essa expectativa). Caso você desejar tornar-se rico, que seja um empresário.
conservação da biodiversidade