Por: Alana Kasahara Neves Postado dia 09/04/2021PhD in Remote Sensing at National Institute for Space Research (INPE)
MSc in Remote Sensing (INPE)
Environmental Engineer (UFRA)
A importância da conservação da vegetação do Cerrado abrange diversos aspectos. Dentre eles, podemos destacar a manutenção da biodiversidade do bioma, considerado como a savana com maior biodiversidade do mundo. Além disso, a vegetação do Cerrado possui importantes papéis no estoque de carbono, devido à biomassa armazenada acima e abaixo do solo (RIBEIRO et al., 2011), e na proteção dos recursos hídricos que ocorrem nesse bioma e abastecem as três maiores bacias da América do Sul (dos rios Amazonas, Prata e São Francisco).
Para conservar a vegetação, é necessário conhecê-la e monitorá-la continuamente. Fazer isso indo a campo, em todo o bioma, seria uma tarefa extremamente custosa em tempo, dinheiro e recursos humanos. Nesse contexto, o uso de imagens ópticas obtidas por sensoriamento remoto é fundamental. As imagens ópticas são geradas por sensores que detectam a radiação eletromagnética refletida ou emitida pelos alvos terrestres. As principais características das imagens estão relacionadas com suas resoluções: espacial, temporal, espectral e radiométrica (NOVO, 2010). Dependendo do objetivo da análise, uma resolução pode ser mais relevante do que outra. Apesar de não substituir as idas a campo, o uso dessas imagens permite a realização de estudos e de observação em larga escala e em locais de difícil acesso.
Ao longo das últimas décadas, diversos estudos e projetos foram desenvolvidos com o objetivo de monitorar e mapear a vegetação do Cerrado. O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) possui dois projetos de monitoramento contínuo do desmatamento no Cerrado: o PRODES e o DETER. Operacional desde 2018, o DETER (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real) realiza o mapeamento de alertas de desmatamento em tempo quase real usando imagens de alta resolução espacial, dos sensores WFI/CBERS-4 e AWiFS/IRS (VALERIANO et al., 2016). A informação gerada é enviada para os órgãos de fiscalização e controle para orientar as ações em campo.
O projeto PRODES Cerrado mapeia a cada ano o desmatamento no bioma usando imagens do satélite Landsat (30m de resolução espacial) (MAURANO, et al., 2019; PARENTE et al., 2021). A série histórica de dados de taxa de desmatamento e incremento anual inicia no ano 2000 e continua sendo atualizada anualmente. Esses dados são fundamentais para analisar o avanço do desmatamento no bioma e para fundamentar a criação de políticas públicas voltadas ao combate dessa prática. Todos os dados gerados pelos projetos PRODES e DETER são públicos e estão disponíveis no site http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/ (ASSIS et al., 2019).
Além de ser importante conhecer onde e quanto está sendo desmatado, também é necessário analisar para quais usos essas áreas desmatadas estão sendo convertidas. Nesse sentido, outros projetos realizam o mapeamento de uso e cobertura da terra no bioma Cerrado. Os projetos TerraClass Cerrado (INPE, 2015) e MapBiomas (SOUZA-JR et al., 2011) fazem o mapeamento do uso e cobertura da terra no bioma Cerrado usando também imagens Landsat. O TerraClass Cerrado, sob responsabilidade do INPE e da Embrapa, faz a segmentação seguida de interpretação visual das imagens. O MapBiomas é realizado por diversas universidades, ONGs e empresas e faz o mapeamento anual e automático no bioma. Apesar das diferenças metodológicas, os dados dos dois projetos permitem a observação da presença de grandes áreas, originalmente de savana, substituídas principalmente por pastagem e agricultura. O acesso aos mapas pode ser feito em http://www.dpi.inpe.br/tccerrado/dados/ (TerraClass Cerrado) e https://mapbiomas.org/ (MapBiomas).
conservação da biodiversidade