Receba todas as nossas novidades e conteúdos exclusivos

Início Conteúdos > Série Naturalistas > Álvaro Astolpho da Silveira

Série Naturalistas: Maximilian Wied-Neuwied
Álvaro Astolpho da Silveira       Postado dia 02/06/2021Naturalista brasileiro. Álvaro se formou engenheiro, mas desenvolveu um grande apreço e dedicação ao estudo da botânica. Suas contribuições levaram à publicações de variados temas e à fundação de importantes instituições.









Em meio a tantos naturalistas estrangeiros, hoje falaremos de Álvaro Astolpho, um naturalista brasileiro e conterrâneo da própria Bocaina!
Série Naturalistas: Maximilian Wied-Neuwied
Álvaro Astolpho da Silveira nasceu em 1867, em Minas Gerais. Já com seus 25 anos, Álvaro se formou em Engenharia de Minas e Engenharia Civil, sendo ambas as graduações pela Escola de Minas de Ouro Preto.

Logo que saiu da faculdade, Álvaro atuou como engenheiro na Estrada de Ferro Central do Brasil. No ano seguinte (1893), ele iniciou um novo trabalho na Comissão Geográfica e Geológica de Minas Gerais, onde produziu mapas geológicos. Na época, esses mapas serviam como ferramentas e indicavam os potenciais econômicos de uma região.

Poucos anos depois, em meados de 1895, Álvaro já estava ascendendo em sua carreira e agora era engenheiro chefe da Comissão!

Durante essa etapa de experimentação e estudo de terras, Álvaro chegou a sugerir que o Parque Municipal poderia se tornar um lugar atrativo com foco na popularização da ciência. A ideia principal desse projeto era identificar cada árvore do Parque com uma etiqueta fornecendo dados como a data de plantio e sua espécie. Assim, os visitantes poderiam fazer comparações quanto ao desenvolvimento de cada espécie e, até mesmo, entre indivíduos de uma mesma espécie. Apesar de parecer bastante interessante atualmente, na época a ideia não foi o suficiente para sair do papel.
Série Naturalistas: Maximilian Wied-Neuwied

Figura 2. Parque Municipal

E essa não foi a única ideia de Astolpho que se baseava na popularização do conhecimento... já no final do século XIX, Álvaro discutia a importância de um Museu de Minas, onde as pessoas poderiam observar as riquezas naturais, angariando conhecimento sobre a ciência e a valorização industrial dessas riquezas.

No início do século, época em que Álvaro tinha aproximadamente 30 anos, iniciou-se uma pressão para que a produção cartográfica de Minas fosse feita de forma mais acelerada. Respondendo aos anseios do mercado, houve um grande aumento no número de técnicos, o que otimizou o tempo necessário para a confecção dos mapas.

Série Naturalistas: Maximilian Wied-Neuwied
Nesse cenário, Álvaro Astolpho também teve um papel protagonista, uma vez que sua iniciativa de vender os mapas em livrarias levou a um aumento do seu valor. Isso ocorreu devido à importância do material produzido, pois legitimava a posse de territórios.

O trabalho de Álvaro, nessa época, carregava a influência de suas experiências passadas nas Comissões, em seu modo de operar. Isso se refletiu até mesmo no herbário construído para atender às necessidades dos estudos em botânica. Desse herbário, muita coisa ainda está devidamente guardada! Parte dele, hoje está no Herbário BHCB da UFMG, outra parte está na UFOP e, uma terceira parte, refere-se à uma coleção exclusiva pertencente ao engenheiro Astolpho. Esta última, foi vendida pela família do naturalista ao Museu Nacional.

Esse interesse de Álvaro pela botânica pode parecer repentino, mas não é. O próprio naturalista a justificou traçando uma relação entre a botânica e a geologia, daí demonstrando a importância desse estudo em sua carreira.

Seguindo essa linha, Astolpho se tornou fiscal das colônias do Estado de Minas Gerais, em 1900. Assim, ele era encarregado pelas análises e pelas orientações técnicas dos produtos agrícolas. 4 anos depois, Álvaro dirigiu, segundo Graciela Oliver, a Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais. Por esse exercício, Astolpho chegou a ser reconhecido como modernista e avançou cada vez mais, ocupando cargos políticos. Astolpho já foi membro da Diretoria de Agricultura, da Academia Mineira de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais!

Durante esse período, Álvaro realizou as mais diversas atividades, sendo uma das principais seus trabalhos topográficos "para o estabelecimento de colônias agrícolas, perfuração de poços, estatísticas agrícolas e metereologia", segundo Graciela.

Mas, claro, Álvaro sempre dava atenção aos exercícios de sua nova paixão: a botânica! Assim, Astolpho também desenvolveu um serviço capaz de auxiliar agricultores, capacitando-os no uso de máquinas e fármacos contra pragas agrícolas.

Fato é que Astolpho fez parte de atividades importantíssimas, que deixaram grandes marcas até mesmo na educação de muitos brasileiros. No século XX, Álvaro foi membro fundador da Sociedade Mineira de Agricultura, da Escola de Engenharia Agronômica e Medicina Veterinária - da qual ele foi foi professor e diretor - e da Escola Livre de Engenharia; segundo Graciela Oliver.

Inclusive, essa "Escola Livre de Engenharia” de Belo Horizonte, é, hoje, a Escola de Engenharia da própria UFMGDurante sua vida, Astolpho escreveu diversos livros importantes, principalmente no campo da botânica, agricultura e geografia, sempre se atentando para as relações mantidas entre o meio e a sociedade.
Série Naturalistas: Maximilian Wied-Neuwied

Figura 4. Primeiro edifício da Escola de Engenharia da UFMG

Série Naturalistas: Maximilian Wied-Neuwied

Dando uma pausa na carreira acadêmica, na década de 1920, Álvaro foi convidado a fazer parte, novamente, da Comissão Geográfica e Geológica de Minas Gerais. Lá, permaneceu até se aposentar, aproximadamente 10 anos depois.

Aproximando o trabalho de Álvaro um pouco mais da nosso realidade... você acredita que foi ele quem realizou a medição do Pico da Bandeira?! Pois é, bem massa!

E, apesar de muitas de suas ideias sobre a popularização do conhecimento não terem ido para frente, Astolpho certamente conseguiu cumprir esse papel com suas várias descobertas e espécies identificadas, as quais servem como referência para a própria comunidade científica nacional, segundo Graciela Oliver. Seu trabalho na identificação e descrição de espécies foi tão notório que seu nome foi atribuído a parte do nome de uma espécie que sequer foi identificada por ele... esse foi o nível de relevância dos trabalhos desse naturalista brasileiro, em seu próprio país.

Além dessa incrível trajetória profissional, Álvaro se casou e teve vários filhos. Curiosamente, todos tinham nomes relacionados a plantas e minerais raros:

“De outras vezes eu descia só um quarteirão de Cláudio Manuel mas virava à esquerda, até chegar à Avenida Brasil. Era para admirar varanda que parecia gaiola de moças e meninas. Uma delas, Andira, seria um de meus futuros pares nas partidas do Clube Belo Horizonte. Todas as outras tinham também nomes botânicos, florais, vegetais — eram Azarina, Anêmia, Analcima — esta, a mais velha, parecida com Maria Antonieta de França.”
- Pedro Nava, citado por Márcio de Ávila Rodrigues

Astolpho faleceu em 1945, deixando sua marca como um dos incríveis naturalistas brasileiros!






                                                                                                                             

                                                                                                                            Texto de Isabella Azevedo

Lorem ipsum dolor,sit amet consectetur adipisicing elit.

Referências:

> OLIVER, GS. A trajetória de um engenheiro de Minas: Ciências da Terra, Natureza e Agricultura. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/335870855_A_TRAJETORIA_DE_UM_ENGENHEIRO_DE_MINAS_CIENCIAS_DA_TERRA_NATUREZA_E_AGRICULTURA?enrichId=rgreq-09b1821d50af7921b733b064bb354518-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMzNTg3MDg1NTtBUzo4MDQyMzYyOTYyMDAxOTRAMTU2ODc1NjI4MzQyOQ%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf>. Acesso em: julho de 2021.

> Álvaro Astolpho da Silveira, um cientista importante em seu tempo. Disponível em: <https://www.recantodasletras.com.br/biografias/2423773>. Acesso em: julho de 2021.

>100 anos - Escola de Engenharia. Disponível em: <https://www.eng.ufmg.br/centenario/centenario.php>. Acesso em: julho de 2021.



Crédito das Figuras:

Figura Capa.
> "Avenida Afonso Pena,em Bel oHorizonte, em 1900." by Unknown author under Public Domain.

Figura 1.
> "PROF. ÁLVARO ASTOLFO DA SILVEIRA PATRONO". Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.

Figura 2.
> "Parque Municipal de Belo Horizonte. (Localizado no Centro da cidade)" by Bernardo Gouvêa under Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 

Figura 3.
> "Ouro Preto, province of Minas Gerais, 1881." by Guilherme (Wilhelm) Liebenau (1838-1900) under Public Domain

Figura 4.
> "Primeiro edifício da Escola de Engenharia. Acervo: Associação de ex-alunos da Escola de Engenharia da UFMG" Disponível em: <https://www.ufmg.br/90anos/especiais/predios-historicos-da-capital-abrigaram-as-primeiras-escolas-da-ufmg/>

Figura 5.
> "Pico da Bandeira - Parque Nacional do Caparaó - Minas Gerais/Espírito Santo - Brasil. Foto de Alex Hubner em 27/07/2006 - 7h50 - Temp. Externa: 5 graus centígrados abaixo de zero - Vento: zero." by Alexhubne under Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0