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Série Naturalistas: Charles Darwin
Georg von Langsdorff                Postado dia 20/05/2021Naturalista alemão, naturalizado russo. Langsdorff se tornou famoso devido a expedição que recebeu seu próprio nome, resultando em obras importantes e na coleta de espécimes que compõem o Museu Nacional e a Biblioteca Nacional.









Já falamos sobre vários naturalistas pouco conhecidos por aqui... mas, esse provavelmente é um daqueles que você só conhece acompanhando a gente! Apesar de pouco conhecido, ele é famosíssimo, tendo vivido com diversas personalidades que se eternizaram através de seus trabalhos.

Com um nome bastante diferenciado para nós brasileiros, o naturalista dessa semana se chama Georg Langsdorff, também conhecido como Grigory Ivantovitch Langsdorff, após ter se naturalizado russo.
Série Naturalistas - Georg von Langsdorff
Georg nasceu em Wollstein, Alemanha, em 1774. Era filho de Johann von Langsdorff, que era cheio de títulos... além de prefeito de Wollstein, Johann também era Vice-Chanceler do Supremo Tribunal de Kalrsruhe, no Grão-Ducado de Baden, como afirma Francisco de Albuquerque. Seguindo o modelo do pai, o Barão Georg também teve vários cargos importantes.

Mas, antes de chegar lá, ele estudou ciências naturais e medicina, na Universidade de Gottingen, onde ingressou em 1797. Aos 23 anos, Georg já era doutor em Medicina! Apesar de não ser o motivo para estarmos falando dele por aqui, Georg teve importantes experiências enquanto médico, chegando a migrar para Portugal como "médico particular do príncipe Cristiano von Waldeck, que era comandante do Exército portuugês", segundo publicação do MAPA.

Após a morte do príncipe, Georg se manteve em Portugal, realizando atendimento médico para diversos pacientes. E, no meio tempo, ele se dedicava às pesquisas no âmbito das Ciências Naturais. Investindo em experiências dentro dessa área, Georg partiu em uma expedição que exploraria todo o globo, desde o Brasil ao Japão, juntamente a Ivan Kruzensternos, capitão russo.

Em 1803, Georg chegou ao Brasil, desembarcando em Santa Catarina! Durante sua estadia, dedicou-se ao estudo de peixes e minerais. Mas, não foi essa estadia que marcou sua passagem por aqui. Já em 1808, Langsdorff encerrou seu serviço a bordo do navio do capitão russo e, pelos trabalhos desenvolvidos, se tornou assistente em botânica na Academia de Ciências de São Petersburgo. Nesse período, foi naturalizado russo e se tornou conselheiro da corte! Seguindo por poucos anos nessa carreira, Langsdorff foi escolhido, em 1812, para servir na embaixada da Rússia, no Rio de Janeiro, onde chegou no ano seguinte.

Em solo brasileiro, Langsdorff pôde finalmente construir seu nome como o naturalista que o conhecemos, dado que se dedicou ao estudo de fatores antropológicos, de história natural e de geografia! Um fato curioso é que em 1816, ele se tornou dono da Fazenda da Mandioca (RJ), uma verdadeira atração para cientistas e outros naturalistas que visitaram o Brasil. Dentre seus visitantes, estão Johann von Spix , Carl von Martius e Auguste de Saint-Hilaire !

Série Naturalistas - Georg von Langsdorff

Figura 2. Fazenda da Mandioca, propriedade de Langsdorff

Série Naturalistas - Georg von Langsdorff
Em 1821, após obter financiamento do governo russo para realizar uma expedição científica no Brasil, Langsdorff reuniu uma equipe de 39 pessoas. Parte desse número eram personalidades marcantes, como o artista Johann Rugendas, o naturalista Wilhelm Freyreiss e Ludwig Riedel, botânico.

Com essa equipe de especialistas já formada, Langsdorff iniciou sua expedição em Minas Gerais, seguindo para São Paulo, Mato Grosso e Amazonas! Juntos, eles percorreram aproximadamente 17.000 Km, fazendo anotações dos costumes dos povos locais e coletando espécimes da flora e da fauna das regiões por onde passavam. Além disso, os artistas convidados, como Rugendas, eternizaram os lugares por onde andavam, por meio de seus croquis e aquarelas. A expedição chegou ao fim em 1829 e resultou na coleta de cerca de 100.000 espécies vegetais, os quais foram, junto aos demais itens coletados, posteriormente enviados à Rússia.

Mas, nem tudo são flores (literalmente)... o término de sua viagem foi marcado por diversos homens que ficaram doentes, como o próprio Langsdorff, que experimentou desde febre à perda de memória, após ser infectado pelo parasito causador da malária. E pior: dos 39 que embarcaram, apenas 12 sobreviveram. Pois é... desde a malária e a febre amarela, ao ataque por onças, quase ninguém saiu ileso. E para tornar tudo ainda mais dramático, Langsdorff disse algo que pode ser visto hoje quase que como uma premonição:

"Quero, com ênfase e insistência, alertar os futuros viajantes para as inúmeras dificuldades a que, inevitavelmente, terão de se sujeitar no Brasil"
- Georg von Langsdorff, citado por Débora Menezes.

Os desafios que assolavam Langsdorff e sua equipe também são constatados em sua última anotação no diário, feita exatamente a 193 anos atrás, em maio de 1828:

"Precisamos apressar nossa marcha. Temos ainda de atravessar lugares perigosos. Se Deus quiser, hoje continuaremos nossa viagem. As provisões minguam a olhos vistos, mas ainda temos pólvora e chumbo"
- Georg von Langsdorff, citado por André Bernardo

Série Naturalistas - Georg von Langsdorff

Figura 4. Rio Inhomirim, por Rugendas

Após essa expedição, Langsdorff recebeu diversas homenagens, se tornando um homem com muitos títulos! Ao retornar para a Europa em 1830, ele foi nomeado, segundo Francisco de Albuquerque: Cavaleiro da Ordem Russa de S. Wladimir, da Ordem de Santa Ana de segunda classe, da Ordem do Mérito Civil da Baviera e a lista não para ! Até Comendador da Ordem do Leão de Zahringen de Baden, nosso naturalista foi... impressionante, né?!

Georg também publicou obras muito importantes a partir de suas observações em cadernos de viagem e demais manuscritos. Aos 78 anos, Langsdorff faleceu no país em que nasceu, na Alemanha, em 1852.
Série Naturalistas - Georg von Langsdorff

Quanto aos resultados dessa expedição de Langsdorff, eles permaneceram guardados por quase 100 anos, tendo sido publicados pela primeira vez em 1998. Dessa expedição, outros achados importantíssimos foram as coletadas de Riedel, que estão guardadas na Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro), e os espécimes que deram origem ao Herbário do Museu Nacional, que pegou fogo em 2018. Mas, isso já é parte da história de outro naturalista...

Fato é que os estudos de Langsdorff foram tão importantes que, atualmente, uma equipe de pesquisadores da Unicamp organizou sua própria expedição a fim de refazer os passos de Georg. 

A partir dos resultados obtidos, eles irão elaborar um material crítico que poderá ser analisado frente aos relatos da expedição de Langsdorff, o que poderá demonstrar possíveis aspectos de uma visão pejorativa do naturalista sobre o Brasil - o que era bastante comum, sobretudo àquela época.




                                                                                                                            Texto de Isabella Azevedo

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Referências:

> Expedição redescobre Brasil de Langsdorff. Débora Menezes, free-lance para a FOlha Campinas. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq20049815.htm>. Acesso em: maio de 2021.

> Georg Heinrich von Langsdorff, barão de Langsdorff. Disponível em: <http://mapa.an.gov.br/index.php/publicacoes/70-assuntos/producao/publicacoes-2/biografias/425-georg-heinrich-von-langsdorff-barao-de-langsdorff>. Acesso em: maio de 2021.

> Mortes no rio, acesso de loucura, ataque de onça: conheça a expedição que deu origem ao Herbário do Museu Nacional. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-46132248>. Acesso em: maio de 2021.

> As descobertas recentes da genealogia de Georg Heinrich von
Langsdorff. Disponível em: <http://books.scielo.org/id/q5cc4/pdf/silva-9788575412442-06.pdf>. Acesso em: maio de 2021.


Crédito das Figuras:

Figura 1.
> "Portret van Georg Heinrich von LangsdorffTitelpagina voor: Georg Heinrich von Langsdorff, Reis rondom de wereld, in den jaren 1803 tot 1807, 1818-1819" by Rijksmuseum under Creative Commons Zero, Public Domain Dedication.

Figura 2.
> "Deutsch: Wohnung des Herrn von Langsdorff in Mandioca in der Nähe von Rio de Janeiro, gemalt von Thomas Ender, 1817 - 18" by Akademie der bildenden Künste Wien Kupferstichkabinett (aus Buch eingescannt) under Public Domain.

Figura 3.
> "Johann Moritz Rugendas - Tropical Landscape" by irinaraquel is marked with CC PDM 1.0

Figura 4.
> "Rugendas - Rio Inhomirim" by Johann Moritz Rugendas under Public Domain.

Figura 5.
> "Langsdorffia hypogaea MART in de:Wilhelm Ludwig von Eschwege: Journal von Brasilien oder vermischte Nachrichten aus Brasilien, auf wissenschaftlichen Reisen gesammelt, 1818" by Wilhelm Ludwig von Eschwege under Public Domain.